• Maconha faz mal?

    Saiba mais sobre a fundamentação científica acerca dos efeitos da maconha sobre o organismo.

O Papa Francisco condena o uso de qualquer tipo de droga

O Papa Francisco condena o uso de qualquer tipo de droga

O papa Francisco demonstrou nesta sexta-feira (20) sua rejeição aos tratamentos de desintoxicação que utilizam drogas substitutas e à legalização de qualquer tipo de entorpecente, inclusive a maconha.

O pontífice fez essas declarações durante uma audiência no Vaticano, a qual contava com a presença dos participantes da 31º edição da Conferência Internacional para o Controle de Drogas (IDEC).

"Quero expressar com total clareza que a droga não se derrota com droga. A droga é um mal e com o mal não pode haver concessões ou compromissos", declarou o papa Francisco em uma nota publicada pelo escritório de imprensa do Vaticano.

Para o papa argentino, consentir o uso de psicofármacos às pessoas que continuam usando droga não "resolve o problema", já que, segundo ele, "as drogas substitutivas também não se mostram como um tratamento suficiente, mas um modo velado de se render perante a este fenômeno".

Sobre a legalização das chamadas drogas brandas, o papa Francisco explicou que, "além de ser discutível do ponto de vista legislativo, não produz os efeitos que haviam sidos prefixados".

Neste aspecto, o pontífice, como já havia dito em outras ocasiões, reiterou seu 'não' a qualquer tipo de droga, ressaltando que "o flagelo da droga contínua avançando de maneira e dimensões impressionantes ao ser alimentado por um mercado infame, que vai além das fronteiras nacionais ou continentais".

O pontífice também mostrou sua 'dor e preocupação', principalmente porque "o risco cresce para os jovens e os adolescentes".

Para Bergoglio, que diz 'sim' à vida, ao amor, à educação e ao trabalho, "não há lugar para a droga, o abuso de álcool ou outras dependências".

O papa argentino citou o exemplo dos "jovens que querem se livrar da dependência da droga e que se empenham para reconstruir a vida", dizendo que estes devem ter "estímulo e olhar para frente com confiança".

Por outra parte, o papa Francisco desejou aos participantes da Conferência Internacional para o Controle de Drogas "que alcancem os objetivos de coordenar as políticas antidroga, compartilhar informação e desenvolver uma estratégia operacional contra o tráfico".

Fonte - G1

A maconha e o mito do prazer inofensivo


O que se sabe hoje sobre os danos e o potencial medicinal da droga, segundo uma das maiores especialistas do mundo.
(Cristiane Segatto)

A psiquiatra Nora D. Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas dos Estados Unidos, acaba de prestar mais uma contribuição a um dos debates quentes e atuais na fronteira tênue entre saúde e justiça. Num momento em que tantos países – entre eles, o Brasil – discutem os prós e contras da legalização da maconha (para uso medicinal ou recreativo), Nora reuniu num artigo científico o conhecimento mais atualizado sobre os efeitos da droga.

Está lá um bom resumo do que se sabe hoje sobre os danos provocados pela maconha e sobre os possíveis benefícios no tratamento de doenças. O trabalho foi publicado ontem (05/06) no New England Journal of Medicine. Nesta coluna, destaco as principais conclusões da equipe de Nora, uma das mais respeitadas pesquisadoras sobre drogas em todo o mundo.

DEPENDÊNCIA


Cerca de 9% daqueles que experimentam maconha vão se tornar dependentes. Entre os que fumam maconha todos os dias, a taxa de dependentes chega a 50%. Um em cada seis garotos que começam a usar a droga na adolescência se torna dependente. A probabilidade de apresentarem sintomas de dependência dois anos após a primeira experiência é até quatro vezes mais elevada que a verificada entre os que começam a usar a droga na idade adulta.


DESENVOLVIMENTO DO CÉREBRO


O uso de maconha na adolescência é a grande preocupação dos especialistas. O desenvolvimento do cérebro só fica completo por volta dos 21 anos. Antes disso, ele é altamente vulnerável a agressões ambientais, como a exposição ao tetrahidrocanabinol (THC), um dos principais componentes da maconha.


SAÚDE MENTAL



Em vários estudos, o uso regular da droga foi associado a um risco mais elevado de desenvolvimento de ansiedade e depressão. Ainda não foi possível estabelecer uma relação de causa e efeito. Não se sabe se a maconha é, de fato, a causa dessas doenças. A droga também parece aumentar o risco de psicoses (entre elas, a esquizofrenia). Isso ocorre, em especial, entre as pessoas que já têm uma predisposição genética à doença. Em pessoas com esquizofrenia, a droga pode exacerbar a doença. Um estudo demonstrou que o uso regular de maconha pode antecipar o primeiro surto em até seis anos.


DESEMPENHO ESCOLAR


A droga pode provocar falhas de memória que dificultam o aprendizado e capacidade de reter informações. Alguns estudos demonstram que os dependentes de maconha têm pior desempenho escolar e maior probabilidade de abandono dos estudos. Pode ocorrer também um déficit cognitivo. O QI (coeficiente de inteligência) dos que fumaram maconha com frequência durante a adolescência tende a ser mais baixo.


ACIDENTES DE TRÂNSITO


A exposição imediata ou frequente à maconha prejudica as habilidades motoras e aumenta o risco de acidentes de trânsito. Nos Estados Unidos, a maconha é a droga ilícita mais frequentemente associada a desastres nas ruas e estradas.


CÂNCER E OUTRAS DOENÇAS


O risco de tumores malignos em pessoas que fumam maconha continua não esclarecido. As evidências disponíveis sugerem que o risco de câncer é maior entre os que fumam tabaco. A maconha pode provocar inflamações nas vias aéreas e doenças crônicas como bronquite. A droga também tem sido associada a um risco mais elevado de problemas vasculares que podem provocar infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Essa relação é complexa e ainda não está completamente esclarecida.


Como se vê, a crença de que fumar maconha é um prazer inofensivo não passa de mito. As evidências mais atuais reunidas por Nora podem contribuir para o debate sobre o uso recreativo da droga. Há um segundo debate, ainda mais doloroso, sobre o uso da maconha para fins medicinais.

Atualmente a importação de remédios feitos a partir de componentes da maconha não é liberada no Brasil. Só pode ocorrer com autorização judicial. Famílias de pacientes que sofrem com doenças graves (como epilepsia resistente a qualquer medicamento convencional) depositam esperança no tratamento com produtos como o spray Sativex, do laboratório britâncio GW Pharmaceuticals.

As famílias tinham a expectativa de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberasse a importação de medicamentos como esse. No dia 29, a Anvisa decidiu adiar a decisão. É possível que a liberação de importação não saia tão cedo.

"No mercado, não há remédio só à base de canabidiol”, disse Dirceu Barbano, diretor-presidente da agência. “Mesmo que o canabidiol seja aprovado, as pessoas não poderão importar os medicamentos porque eles têm, em sua composição, outras substâncias proscritas." É o caso do Sativex. Além do canabidiol (CBD), ele contém THC.

Segundo Barbano, a agência não tem informações suficientes sobre os efeitos colaterais que o canabidiol possa provocar. “O CBD tem sido usado no Brasil em crianças e nós não detemos informações na literatura de qual é a consequência orgânica do uso de médio e longo prazo por crianças de diferentes idades. É dever da Anvisa evitar os efeitos colaterais e alertar sobre os riscos”.

No artigo publicado ontem, Nora relaciona o conhecimento mais recente sobre o papel da maconha no tratamento de doenças. Um resumo:

ESCLEROSE MÚLTIPLA

O spray oral Sativex, uma mistura de THC e CBD, demonstrou ser eficaz no tratamento da esclerose múltipla, da dor neuropática e de distúrbios do sono. Está disponível no Reino Unido, no Canadá e em outros países. Nos Estados Unidos, ainda não recebeu a aprovação da FDA, a agência que controla medicamentos.

GLAUCOMA

Há evidências de benefícios da maconha em pacientes com glaucoma, uma doença associada ao aumento da pressão no olho. A droga reduz a pressão intraocular, mas o efeito é transitório. Tratamentos convencionais já existentes são mais eficazes. A discussão persiste e outros estudos são necessários.

NÁUSEAS

Ajuda a combater náuseas provocadas pela quimioterapia. Foi um dos primeiros usos médicos do THC e outros canabinóides.

ANOREXIA

Relatos médicos indicam que a maconha melhora o apetite e favorece o ganho de peso em pessoas com aids. Faltam estudos de longo prazo que justifiquem a adoção de maconha por pacientes que tomam drogas contra o HIV.

DOR CRÔNICA

A maconha é usada há séculos para aliviar a dor. Tanto a maconha quanto o dronabinol, uma formulação farmacêutica à base de THC, são capazes de reduzir dores. O efeito proporcionado pelo dronabinol mostrou-se mais prolongado.

INFLAMAÇÃO

Os canabinóides (THC e canabidiol) têm efeito antiinflamatório. O canabidiol tem atraído especial interesse como tratamento porque não provoca efeitos psicoativos. Estudos com animais revelaram que o canabidiol pode se tornar um recurso promissor contra a artrite reumatoide e doenças intestinais inflamatórias, como colite e doença de Crohn.

EPILEPSIA

Uma pequena pesquisa realizada com pais de crianças que sofrem convulsões frequentes, publicada no ano passado, trouxe alguns dados. Participaram apenas 19 famílias que trataram os filhos com maconha com alto teor de canabidiol.

Duas famílias (11% da amostra) declararam que a criança ficou completamente livre de convulsões. Oito famílias (42%) observaram redução superior a 80% na frequência das crises. Seis famílias (32%) notaram redução de até 60% na frequência dos episódios.

Embora esses relatos sejam promissores, faltam informações sobre a segurança e a eficácia do uso de maconha no tratamento da epilepsia. Em animais, há cada vez mais evidências da contribuição do canabidiol como um agente antiepilético.

Diante do sofrimento de um filho, as famílias têm pressa. É compreensível que se sintam inconformadas com os trâmites burocráticos e as intermináveis reuniões das autoridades sanitárias.

A sociedade brasileira também tem pressa. Quer uma solução eficaz de combate ao tráfico de drogas. A legalização da maconha é defendida por gente séria e bem intencionada. O erro é tentar minimizar os danos à saúde que o fácil acesso à droga pode acarretar.

A maconha consumida hoje não é a mesma dos anos 60. A potência da droga (o conteúdo de THC) verificada em amostras confiscadas pela polícia americana não para de crescer. Nos anos 80, era de 3%. Em 2012, chegou a 12%. Não há razão para acreditar que a droga disponível no Brasil seja menos perigosa.

A maior permissividade cultural e social em relação à maconha aumentará o número de adolescentes expostos regularmente à droga? No caso de uso generalizado de maconha, quais serão os efeitos do fumo passivo? Ninguém sabe.


“O efeito de uma droga (legal ou ilegal) sobre a saúde individual não é determinada apenas por suas propriedades farmacológicas”, escreveu Nora. “Ela é determinada, também, pela sua disponibilidade e aceitação social.”


O tabaco e o álcool oferecem uma boa amostra do que pode acontecer. Juntos, eles respondem pela maior carga de doenças provocadas por drogas. Não porque eles sejam mais perigosos que as drogas ilegais, mas porque o status de droga legal aumenta a exposição da população a elas.

Estamos dispostos a pagar para ver com a moeda do desenvolvimento saudável?
Fonte: Revista Época
(Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras)

Temperatura do ambiente de consumo de ecstasy pode influenciar a letalidade da droga

Pesquisadores norte-americanos descobriram que doses de ecstasy que não seriam letais em temperaturas mais baixas podem matar se forem consumidas em ambientes quentes e lotados, como baladas e festas.
Pesquisadores norte-americanos descobriram que doses de ecstasy que não seriam letais em temperaturas mais baixas podem matar se forem consumidas em ambientes quentes e lotados, como baladas e festas.


Segundo o Daily Mail, os especialistas do National Institute of Health afirmam que algumas pessoas acreditam que o ecstasy não é perigoso se consumido em doses baixas. Mas, segundo as conclusões do novo estudo, isso não é verdade em ambientes com temperatura elevada.

"Nós já sabíamos que uma dose alta de MDMA pode aumentar repentinamente a temperatura corporal, potencialmente levando à falência dos órgãos e até a morte", disse Nora Volkow, uma das responsáveis pela pesquisa.

"Mas esse estudo atual apresenta a possibilidade de mesmo as doses controladas serem letais em certas condições."

Os pesquisadores disseram ainda que ainda não é possível prever quem terá uma reação adversa com uma dose pequena de ecstasy.

Fonte - Terra

Cannabis afeta a qualidade do sono; os problemas são piores para quem começa cedo, afirmam cientistas

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As pessoas que consumiram cannabis no início da adolescência são duas vezes mais propensas a terem problemas de sono graves mais tarde na vida, de acordo com um novo estudo. Embora os resultados sugiram que o uso da maconha pode afetar negativamente a qualidade do sono em qualquer usuário, este malefício foi mais freqüente em pessoas que tinham usado a droga quando tinham 15 anos de idade ou menos.

Os resultados tendem a ser mais preocupantes para as pessoas que usam maconha para relaxar ou como uma maneira de ajudar a dormir, disse o principal autor da pesquisa Jilesh Chheda, assistente de pesquisa da Divisão de Humor e Transtornos de Ansiedade, do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Pensilvânia.

"Este último estudo descobriu que usuários de maconha são mais propensos a ter problemas de sono", disse ele.

"A descoberta mais surpreendente foi que havia uma forte relação com a idade do primeiro uso, não importando quantas vezes as pessoas tenham usado maconha”.

"As pessoas que começaram a usar no início da vida estavam mais propensas a ter problemas de sono quando adultas", acrescentou.

O estudo incluiu adultos com idade entre 20 e 59 anos de idade, que responderam à Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – uma série de estudos destinados a avaliar a saúde e o estado nutricional de adultos e crianças nos Estados Unidos.

1.811 dos participantes relataram que tinham usado algum tipo de droga. Para avaliar os resultados, os cientistas definiram “usuário de cannabis” como uma pessoa com qualquer história de uso da droga. Os problemas relacionados ao sono foram considerados graves, se ocorressem pelo menos 15 dias por mês. Quando a pessoa tinha usado pela primeira vez a droga e o número de vezes que tinha usado no mês anterior também foram dados analisados.

A equipe descobriu que os usuários de maconha estão mais propensos a ter dificuldade para dormir e manter o sono, experimentando sono não reparador e sonolência durante o dia. Pessoas que usaram a droga antes dos 15 anos tinham duas vezes mais probabilidade de sofrer dessas complicações.

“É importante entender as implicações do uso da maconha sobre a saúde pública, assim como seu impacto sobre o sono, que não é bem conhecido", disse o autor sênior do estudo, Michael Grandner, PhD, professor em Psiquiatria e membro do Centro de Sono e de Neurobiologia Circadiana.


Autor - Kashmira Gander
Fonte - Traduzido e adaptado de The Independent