Drogas Ilícitas

 "O serviço prestado pelos veículos intoxicantes na luta pela felicidade e no afastamento da desgraça é tão altamente apreciado como um benefício, que tanto indivíduos quanto povos lhes concederam um lugar permanente na economia de sua libido".

(Freud - O mal-estar da civilização)


O uso de drogas parece ser tão antigo quanto a humanidade. As primeiras referências sobre a papoula, de onde é extraído o ópio, se encontram em tábuas sumerianas, na Mesopotâmia, datando de três a quatro mil anos antes de Cristo (Werebe, 1982). Presume-se que foi a partir do território onde se situa atualmente a Turquia, a Síria, o Iraque e o Irã, que se difundiu o cultivo da papoula para o Ocidente, atingindo o Egito, onde foram descobertos papiros que relatam a larga utilização do ópio, mil e quinhentos anos antes de Cristo.


Na China, a papoula já era conhecida e empregada para fins medicinais desde o oitavo século. A reintrodução do ópio no país, através de Formosa, aconteceu no século XVIII. Na América do Sul, desde tempos imemoriais, o homem usa a coca. Mascando suas folhas, os índios adquiriam vigor e energia. O conquistador espanhol reconheceu rapidamente o perigo de tal hábito para os seus soldados. Por esse motivo, houve, em 1569, a proibição da mastigação das folhas de coca pelos colonizadores.

Desde o norte da Sibéria, passando pelas bacias de Ob, Ienissei e Lena, chegando ao Tibete, Turquestão e Uzbequistão, o uso do cogumelo alucinógeno Amanita Muscaria traz uma história antiga. Esse uso está intimamente ligado ao xamanismo, descrito pelos viajantes e antropólogos dos séculos XVIII e XIX.

Na América Central, o peyotl é largamente usado em cerimônias religiosas. A maconha, a mais utilizada das drogas, cresce em muitos lugares e climas. Marco Polo observou seu uso nas cortes orientais entre os emires e os sultões. É muito usada no vale do Tigre e Eufrates, nas Índias, na Pérsia, no Turquestão, na Ásia Menor, no Egito e em todo o litoral africano.

A partir dessa "pincelada" histórico-geográfica, fica demonstrada a intimidade dos homens, de todas as partes do mundo, desde os tempos mais longínquos, com os mais variados tipos de drogas. De todas essas curiosidades, o que pode nos interessar nesse momento é refletir sobre o consumo de substâncias químicas que produzem alterações de consciência é sua relação com as necessidades e anseios humanos.

Como nos lembra Huxley (1983 : 24), em sua discussão sobre a história do homem com as drogas, "a necessidade é a mãe da invenção". Sendo assim, o homem primitivo explorou o universo farmacológico com perfeição espantosa. Nossos ancestrais não deixaram por descobrir quase nenhum estimulante, alucinógeno ou estupefaciente naturais. Não podemos nos esquecer de que, se a farmacologia moderna nos deu uma série de novos sintéticos, ela não fez grandes descobertas básicas no campo das drogas naturais, ela simplesmente aperfeiçoou os métodos de extração, purificação e combinação.


Pelas evidências de que dispomos, podemos supor que o homem primitivo experimentou todas as raízes, galhos, folhas e flores, todas as sementes, frutos e fungos do seu ambiente. Existem razões para acreditarmos que, até mesmo na época paleolítica, quando o homem ainda era caçador e colhedor de comida, ele matava seus inimigos animais e humanos com flexas envenenadas. No final da Idade da Pedra, parece que o homem se envenenava sistematicamente. A presença de cabeças de papoulas no lixo das cozinhas dos habitantes do Lago Suíço, demonstra que, desde muito cedo, o homem descobriu as técnicas de alteração da consciência através das drogas (id. ibid).

Com relação aos fatos apresentados, poderíamos considerar a necessidade ou tendência humana de "tirar férias" da realidade de vez em quando, através do uso de substâncias psicotrópicas, como um fenômeno praticamente universal. Em todos os lugares, em todos os tempos, homens e mulheres procuraram e encontraram os meios químicos para escapar, mesmo que temporariamente, de suas existências, muitas vezes enfadonhas e desagradáveis.

Flagelo

Com o passar do tempo, esta busca antes medieval, evoluiu como tudo o mais no mundo. Hoje, existem drogas de todos os tipos; variantes da cocaína como o crack, merla e óxi; variantes do ópio como heroína e morfina; outras como Metanfetamina, Ecstasy, LSD, Lança Perfume, Maconha, Chás dos mais variados, cogumelos, raízes e plantas, remédios, xaropes. Remédios veterinários como o Ketalar-5, e ainda novas drogas surgem, como por exemplo na Europa como o 4-methylamphetamine (4-MA). Hoje pode-se vislumbrar uma destruição apocalíptica social, como no caso do crack, que leva "legiões" de seres humanos a mais completa degradação humana, isto para se tratar de um exemplo bem perto de nós.

A Metanfetamina, o Crack, e a Heroína, tem grande repercussão social na América do Norte por exemplo. Bem como a cocaína. Drogas mais baratas, mais fortes, e que matam mais rapidamente. Na Rússia tem se o exemplo do derivado da Codeína (Xarope), que misturado a inúmeros produtos químicos e acidos, tornou-se um substituto barato para a heroína, com o nome de "Krokodil". Esta droga corroe, literalmente a carne humana até os ossos. Esforços sem fim, começam a tomar forma em muitos países, bilhões são gastos em investimentos para tentar deter esta onda destrutiva, que consome recursos, pessoas, e futuros inteiros.
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